domingo, 23 de outubro de 2011

Língua portuguesa: mudanças inexoráveis…

No decorrer do próximo ano vou ter que elaborar um texto escrito segundo o novo acordo ortográfico. Trata-se de um texto oficial e portanto tenho que respeitar as regras.
Sempre fui uma voz dissonante. Não se trata de patriotismo demagógico ou incapacidade de mudança, apenas necessidade de manter a identidade de um idioma riquíssimo.
Expliquem-me porque é que a Sr.ª professora Eugénia fazia três das cinco provas semanais relacionadas com a língua portuguesa para nos ensinar a falar e a escrever correctamente e, agora, porque dois fulanos resolveram apertar as mãos, tudo o que aprendi está errado?!...
Como se não bastasse, só no nosso país é que está a ser implementado, no Brasil tudo continua como dantes…
Para me ir habituando vou tentar usar as novas normas, mas não deixo de expressar o meu pesar…

Outro motivo de revolta é a retirada do livro de Camilo Castelo Branco dos programas escolares, porque é muito difícil…
A mesma Sr.ª professora Eugénia ensinou-nos que um bom livro tinha que ser lido com a ajuda do dicionário porque só assim aprendíamos e ganhávamos vocabulário.
Como é que querem que as novas gerações tenham uma cultura razoável se vivemos num ambiente de facilitismo?
Espero que os meus filhinhos saibam o significado de mefistofélico, palimpsesto, perdulário ou bucólico e que não tenham medo de ter um bom livro e um dicionário (ou acesso à internet =D) na mesinha de cabeceira…

Eu? Monstro das bolachas?! Nãaaaaaaao...

sábado, 15 de outubro de 2011

Tribunal de Contas

O presidente do Tribunal de Contas, Guilherme de Oliveira Martins, foi nomeado pelo antigo primeiro-ministro José Sócrates e, por ser membro do partido socialista, na altura muito se especulou se não seria mais um Job for the boy.
No entanto, nunca esta instituição primou tanto pelo rigor e isenção.
No último ano li imensos relatórios desta identidade e confesso que muitas vezes fiquei estupefacta pela forma directa e esclarecedora como revelam toda a má gestão das empresas/organizações públicas. Sendo muitos desses relatórios, verdadeiramente, arrasadores.
Não compreendo como é que ninguém lhes dá a menor importância?
Como é que os nossos governantes não são obrigados a cumprir as directrizes por eles enunciadas?
Como é que temos algo que funciona tão bem, tão verídico e confiável e não recebe o menor crédito?

Acontece...

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Os impostos e o Amor III

Hoje, quando regressava do trabalho, reparei que já se encontra activo mais um pórtico para pagamento de portagens na A25.
Em vez de insultar mentalmente uns quantos ministros e secretários de Estado, lembrei-me que mais uma vez, é um incentivo ao amor entre os casais...
Como os portugueses não têm dinheiro para pagar portagens ficam em casa e, portanto, passam mais tempo juntos.
Como o IVA da electricidade subiu de 6 para 23%, ficam em casa e às escuras...
E o que é que se faz às escurinhas?
Eu contava-vos mas já devem saber e, se não sabem, apaguem a luz ;)

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Violinos no Telhado (Pinto Ferreira)

http://www.youtube.com/watch?v=ENnAHyyaub4&feature=related


Talvez um duche de água fria
Talvez mais um cigarro só
Talvez veja nascer o dia
Talvez nem dês por que saí

Que já saí
Que já me pus a andar
Sem sequer te acordar
Que já sumi
Como o fumo no ar
Sem tu veres

Que mais queres tu saber
Nunca ouviste dizer
Que quem diz o que sente
Não mente

Talvez na tua fantasia
Talvez no teu sonho acordado
Quem sabe fosse amanhã o dia
De ouvir violinos no telhado

Talvez um gesto apaixonado
Te dê ideias, ilusões
Nós dois não vai a nenhum lado
Nós dois cada um com os seus botões

Não há nós dois de uma forma geral
Nem sequer no amor
Ficámos sós
Cada um no final
Fica a dor

Que mais queres tu saber
Nunca ouviste dizer
Que quem diz o que sente
Não mente

Talvez na tua fantasia
Talvez no teu sonho acordado
Quem sabe fosse amanhã o dia
De ouvir violinos no telhado (bis)

O amor e a paixão
Não têm nada a ver
Um arde sem se ver
O outro não

Talvez na tua fantasia
Talvez no teu sonho acordado
Quem sabe fosse amanhã o dia
De ouvir violinos no telhado

Perdoai-lhes Senhor, eles não sabem o que fazem…

Mas o que é que se passa com a televisão portuguesa?

A malvada da crise inunda os telejornais com as mais macabras notícias, mas daí até ao folclore em que se tornou o jornalismo em Portugal vai uma enorme distância.

A isenção e a procura de causas científicas ou empíricas deram lugar a peças televisivas nas quais podemos apreciar jornalistas a perguntar a vítimas de um acidente de viação, de um incêndio, de uma violação ou de outro cenário lúgubre qualquer, como se estão a sentir… Não é preciso ter uma bola de cristal para saber responder a esta pergunta. Por falar em poderes paranormais, a Tia Maya tem agora um programa matinal, em que lê cartas de Tarot e “adivinha” que os problemas dos telespectadores vão começar a resolver-se no final de 2012… Conheço uns economistas que chegaram à mesma conclusão sem recorrerem a um médium… Contudo, reconheço que a economia e as leis do mercado têm muito de esotérico =D

Deparamo-nos ainda com estratégicas contratações futebolísticas: Judite de Sousa e José Alberto Carvalho, directores de informação da RTP1, fazem contratos milionários com a TVI.

No entretenimento, Júlia Pinheiro volta à televisão de Carnaxide e Teresa Guilherme à televisão independente portuguesa. Fátima Lopes, a menina querida da SIC, vai ganhar milhões para Queluz de Baixo, apresentando programas da tarde que inspiram sentimentos suicidas aos neurónios de qualquer um. E agora, a cereja no topo do bolo, Pedro Granger apresenta o novo programa de cultura geral da televisão pública portuguesa (este justifica-se, parece novo demais para figurar de professor nos Morangos com Açúcar e demasiado velho para ser aluno).

A casa dos segredos é qualquer coisa de inexplicável, tentei ver alguma coisa no domingo para fundamentar a minha opinião e tenho que dar razão a quem diz que ”parece um anúncio da IKEA, eles armários e elas fáceis de montar”.

Caros estrangeiros, não liguem a estes programas, asseguro-vos que existem jovens inteligentes e interessantes neste país.

É da maneira que talvez se comece a ler mais…

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Os impostos e o Amor II

Ainda acerca do imposto sobre solteiros:
Agora sempre que leio um jornal estou à espera de encontrar o anúncio:
"Cavalheiro procura senhora honesta para partilhar o preenchimento dos anexos A e H do IRS. Caso esteja interessada, contacte a repartição das finanças mais próxima da sua área residência, para alteração da morada fiscal."