Já li (demasiados) textos a opinar sobre o assunto, por
norma defendem apenas uma das partes.
No meu ponto de vista são duas pessoas com imenso potencial
que tiveram uma troca de palavras sem sentido e que não acrescentaram nada
aquela conversa.
A doutora, que tem um curriculum
invejável, interrompeu desnecessariamente o discurso do puto e tirou logo
duas dilações precipitadas e não necessariamente verdadeiras: a primeira que as
camisolas eram produzidas na China e depois se eram produzidas em Portugal, os
trabalhadores da indústria têxtil ganham o ordenado mínimo nacional, que não é suficiente
para ter uma vida digna…
O puto que com apenas 16 anos ainda tem muito que aprender
respondeu-lhe, impensadamente, que é melhor receber o ordenado mínimo do que
estar desempregado.
O público levianamente aplaudiu…
Caríssimos não se podem comparar de forma fácil e ligeira
garotos de 16 e os doutorados do nosso país. Sim, a senhora foi precipitada mas
isso não lhe tira todo o mérito pelo trabalho e estudo que tem desenvolvido ao
longo dos anos. Fartamo-nos de nos gabar da nossa fantástica “mão-de-obra
altamente qualificada” e depois basta um pequeno deslize para enxovalharem a
malta que queima as pestanas a estudar em praça pública? Querem ser atendidos
nas urgências dos hospitais, defendidos em tribunal, aprender a ler e a
escrever orientados por pessoas sábias porque são iluminadas pelo espírito santo?
Não, não é assim que acontece, estuda-se e muito!
Quanto ao garoto e à malta que aplaudiu, é verdade que
estamos em crise mas isso quer dizer, obrigatoriamente, trabalhar em quaisquer
condições, ao mínimo custo possível porque senão vem outro para o teu lugar e
ficas no desemprego…
Temos que viver na corda bamba, empregados fabris ou licenciados,
em clima de medo e quasi-terrorismo?
No lo creo!
Temos que ser
ambiciosos sem perder a humildade…
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