sexta-feira, 25 de abril de 2014

O Benfica e o 25 de Abril

No passado dia 20 de Abril o Marquês de Pombal acolheu milhares de benfiquistas eufóricos com a conquista do 33º campeonato.

Um pouco por todo o país assistimos a manifestações. Até eu, sportinguista, a torcer pela vitória do Olhanense (embora o SLB fosse o justo campeão, achava que uma derrota refrescaria a loucura encarnada e daria o consolo necessário aos azuis e verdes), me vi numa caravana, a buzinar, a gritar, a festejar e a comemorar a febre benfiquista (de quando em vez lá dizia que tinha sentimentos e que era sportinguista, blá, blá, blá mas isso, naquele momento, não importava para nada).

Quando chegamos a casa e tive noção do banho de multidão que brindava a comitiva da Luz vi como são curiosos os motivos que nos levam a sair de casa.

Cortes absurdos nos rendimentos, aumentos na despesa, situações de quasi-pobreza ou, até mesmo, de fome e miséria extremas, diminuição dos indicadores de qualidade de vida, emigração forçada, falência no sistema nacional de saúde, na qualidade da educação e nos serviços de acção social et cacetera cacetera... Significam o quê?

Nenhuma destas situações conseguiu motivar um séquito de milhares de pessoas a lutar por mudanças, a exigir mudanças em frente ao Marquês de Pombal, à Assembleia da República, ou noutro local qualquer que fundamentasse uma chamada de atenção para os órgãos de comunicação social e para os nossos representantes políticos, democraticamente eleitos.

Não sei se derrubar uma ditadura será tão esfuziante quanto ganhar um campeonato? E se gostássemos mais de viver bem do que de futebol?

Mas 11 em vez de 3 milhões nas ruas era o gáudio dos Zecas, dos Otelos, da Dianita e dos portugueses no geral…



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