sábado, 25 de outubro de 2014

A menina da farmácia

Hoje depois de um atendimento que foi mais uma conversa disseram-me:

"- Obrigada por tudo, a doutora foi um anjo da guarda que nos apareceu neste momento de dor..."

Fiquei tão comovida com aquele gesto espontâneo de alguém que atravessa uma guerra chamada cancro que os olhos encheram-se de lágrimas e tive que me conter para não desatar numa choradeira pegada...

Nestes 7 anos de trabalho em Farmácia Comunitária já ouvi confissões de todos os tipos (infidelidades, abortos, erros, certezas, penas, medos et cacetera cacetera), já fui pedida em casamento, já me declararam versos, já ouvi histórias de vida dignas de filme, já me cortejaram, já me pediram segredo, já enfrentei surtos, neuroses e loucura pura, já passei por tanta coisa e sempre com a resiliência de um condenado.

Mas... mas mesmo assim há situações para as quais ainda não estou preparada.
Há situações que me perturbam, comovem e alvoroçam.
Há pessoas que nos tocam com a perícia e a precisão de um neurocirurgião.

Nestes momentos encho o peito de ar e espero copiosamente não defraudar tamanhas expectativas...





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