Os transplantes hepáticos foram realizados nos últimos anos pelo Dr. Emanuel Furtado que veio suceder na mesma missão o seu pai Alexandre Linhares Furtado que foi o pioneiro dos transplantes de rim, fígado e pâncreas em Portugal. São dois cirurgiões brilhantes.
Em meados deste ano, o Dr. Emanuel demitiu-se porque a administração dos HUC não cedeu às suas exigências, nomeadamente, a “autonomização da Unidade de Transplantação dos HUC em relação a qualquer Serviço Hospitalar, respondendo apenas perante escalões hierárquicos mais elevados e reunindo as valências de patologia hepática, biliar, pancreática e transplantes de adultos e de crianças”, a “reintegração dos cirurgiões inactivos, nas práticas do adulto e da criança, medida absolutamente indispensável para a manutenção do nível técnico alcançado e exigido, e a preparação de novos cirurgiões”e ainda a “eliminação das dificuldades e subterfúgios à integração de novos elementos, condição, como a anterior, essencial à preparação e renovação de cirurgiões, tarefa de anos”.
Desde essa altura, os pacientes rumam ao Hospital Universitário Madrileno de La Paz. Porquê?
Porque o centro de transplantação hepática Pediátrico de Coimbra era único no país.
Porque apenas estes dois profissionais têm conhecimento técnico, científico e prático deste tipo de transplantes em Portugal.
Concluindo (de uma forma menos eloquente):
Havia um monopólio neste tipo de episódios. Como não concederam ao filho o PODER e a autoridade para mandar e “desmandar” naquele serviço e para escolher a equipa clínica do mesmo e, como o pai se reformou, não houve ninguém que pudesse suceder ao seu reinado.
Porquê? Porque as únicas pessoas que o sabiam fazer e que dizem querer “preparar novos cirurgiões” nunca o fizeram anteriormente. Porquê? Não sei… Por despotismo? Muito provavelmente.
O que sei é que o Tiago morreu com apenas dois anos à espera de uma “isquinha” a mais de 600Km longe de casa.
Hoje, após esta notícia o ministro Paulo Macedo advertiu que a activação de um centro de transplantes requer “pessoas muito qualificadas”, sendo intenção do Governo dotar Coimbra de condições para o efeito . Teve ainda oportunidade de mencionar a reactivação da realização de transplantes hepáticos em crianças.
Não sei se será preciso necessariamente um centro, ou se a especialização de um serviço cirúrgico seria suficiente (fazem-se cerca de 20 cirurgias destas por ano).
Espero que pai e filho consigam dormir, sabendo que os pais do Tiago vão dormir esta e todas as futuras noites sem o filho.
De quem é a culpa?
Não é minha, que nada sei sobre transplantes.
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