terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Ela e a Outra

Tremiam-lhe as pernas à entrada do bar e não era de frio…
Era o aniversário duma das suas melhores amigas e teve que disfarçar o incómodo sentido ao ouvir o nome do local onde acabariam a noite.

Estava à espera que todos os carros estacionassem, tinha sido a primeira a chegar.

Trazia vestido umas calças de ganga, uma camisa que embora discreta deixava antever um belo decote, umas sabrinas e um casaco de cabedal castanhos. “Não estou muito mal” pensou “Ou será que estou? Devia ter tido o cuidado de vir melhor arranjadinha…” “Raios, porque é que não arranjei uma desculpa e fui para casa?!...”

Eles chegaram, todos sorriam, o facto do bar ter como tema da noite as bandas sonoras de filmes e séries conhecidas fazia prever uma grande noite de folia.

Entraram.
Ela foi a última, de mãos nos bolsos, calada e sorriso forçado nem a parecia… Não ouvia uma palavra do que lhe estavam a dizer.

O local era agradável, o ambiente bem conseguido, era sem dúvida um lugar prazenteiro para se estar.
Ofereceu-se para ir buscar bebidas, precisava desesperadamente de ter onde colocar as mãos e um Malibu com sumo de ananás ia saber-lhe mesmo bem.

Enquanto esperava ao balcão que lhe preparassem as bebidas eis que a outra dá o ar de sua graça. Reconheceram-se de imediato, ali estavam frente-a-frente a que nunca tinha sido nada e aquela que já não era nada. Perscrutaram-se uma a outra de cima a baixo, uma e outra vez e, depois de esquadrinhar cada milímetro, ambas sorriram. E não foi um sorriso forçado.

A outra era uma mulher atraente, vestia umas calças de ganga e uma t-shirt preta, usava salto alto tipo “plataforma” e o cabelo solto onde sobressaíam umas enormes argolas prateadas. Era uma mulher vistosa.

As bebidas estavam prontas e a inspecção completa, já podia voltar para junto dos seus amigos, fazendo uso dos seus dotes de malabarista para conseguir levar tudo de uma só vez, da forma mais graciosa possível.

“Eu sei qual é esta, é a do Esquadrão Classe A, eu adorava o Murdock!” Já entrava no espírito do grupo porque, mesmo partilhando o mesmo cenário com a outra, já não se sentia constrangida e/ou ameaçada com a sua presença.

Horas depois, já na sua longa viagem de regresso a casa, conduzia de sorriso no rosto.
A outra podia ser belíssima mas ela saía de lá sem a insegurança habitual, triunfante até, porque mesmo de sabrinas tinha percebido que era uma mulher igualmente encantadora e bastante mais fascinante.

Há coisas que nunca mudam, outras sim e é para melhor...

1 comentário:

  1. E há tantas coisas que mudam, e que sem dúvida, mudam mesmo para muito melhor!*

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