domingo, 22 de abril de 2012

Vamos falar de amor?

Vamos falar das duas diferentes formas de se iniciar um amor:
Paixão versus Amizade!

1. Paixão: à primeira vista ou não, desperta um furacão de sentimentos. É a sede do outro, a dor da ausência e a sagacidade do querer. Não tem uma causa facilmente identificável, gosta-se e pronto! Não se vêm defeitos, potenciam-se as qualidades, isto é, há uma idealização inofensiva do amante porque elevá-lo à categoria de deus dá-nos a sensação que estamos certos, que é o tal, que todo o Universo conspirou a nosso favor.

2. Amizade: conquista-se a confiança e o respeito, regozija-se com os interesses em comum, começam a reconhecer-se qualidades onde antes se viam defeitos e um dia acordas e tudo mudou. Há um sentimento que em silêncio vai crescendo até ao dia em que é demasiado grande para se contentar em ficar apenas pelo peito. O deslumbramento é imenso, a necessidade e o querer ganham forma.

Depois?

Depois nasce o amor, que é uma soma destes dois sentimentos e muito mais, muito mais mesmo...
Nesse momento já se sabem quais os defeitos com que se pode contar e já adquirimos os mecanismos necessários para lidar com eles, ou pelo menos, evitar que façam muitos estragos.
As qualidades que aumentam a cada dia fazem-nos sentir honrados e orgulhosos por termos aquele ser tão maravilhoso a nosso lado.
A confiança, a segurança, a liberdade e o respeito tornam os laços mais fortes.
O desejo e a loucura são inovados a cada dia, até porque agora, a intimidade, de tudo o mais difícil de conquistar, permite viver em plenitude a voluptuosidade da paixão...
Há ainda o querer, que a meu ver, é a melhor forma de expressar este sentimento. A doce sensação de ouvir um "quero-te na minha vida" é inenarrável...
E mais, muito mais...

Um amor que nasce duma amizade é um amor de segunda?

Na minha opinião, que vale o que vale, são equivalentes, até mesmo sobreponíveis.
Não interessa como começa, o importante é a forma como lhe dás continuação. 
Tendo em conta que já desfrutei de ambas as situações, sou capaz de ter razão... =)


Uma definição que a minha irmã me mostrou e que aplaudo de pé:


"Quando nos apaixonamos, ou estamos prestes a apaixonar-nos, qualquer coisinha que essa pessoa faz – se nos toca na mão ou diz que foi bom ver-nos, sem nós sabermos sequer se é verdade ou se quer dizer alguma coisa — ela levanta-nos pela alma e põe-nos a cabeça a voar, tonta de tão feliz e feliz de tão tonta. E, logo no momento seguinte, larga-nos a mão, vira a cara e espezinha-nos o coração, matando a vida e o mundo e o mundo e a vida que tínhamos imaginado para os dois. Lembro-me, quando comecei a apaixonar-me pela Maria João, da exaltação e do desespero que traziam essas importantíssimas banalidades. Lembro-me porque ainda agora as senti. Não faz sentido dizer que estou apaixonado por ela há quinze anos. Ou ontem. Ainda estou a apaixonar-me. 

Gosto mais de estar com ela a fazer as coisas mais chatas do mundo do que estar sozinho ou com qualquer outra pessoa a fazer as coisas mais divertidas. As coisas continuam a ser chatas mas é estar com ela que é divertido. Não importa onde se está ou o que se está a fazer. O que importa é estar com ela. O amor nunca fica resolvido nem se alcança. Cada pormenor é dramático. De cada um tudo depende. Não é qualquer gesto que pode ser romântico ou trágico. Todos os gestos são. Sempre. É esse o medo. É essa a novidade. É assim o amor. Nunca podemos contar com ele. É por isso que nos apaixonamos por quem nos apaixonamos. Porque é uma grande, bendita distracção vivermos assim. Com tanta sorte."
Miguel Esteves Cardoso, in 'Jornal Público (14 Fev 2012)'





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