segunda-feira, 10 de junho de 2013

Colo de Mãe


São 23h de sábado, mãe e filha estão cansadas porque foi um dia de trabalho árduo para ambas. A única diferença é termos a mãe a olhar para a sua filha lavada em lágrimas e não saber o que fazer. Não saber, realmente o que fazer e ter dificuldade em escolher as palavras a usar.

Como qualquer mãe tenta primeiro fazer com que ela coma alguma coisa e sente-se frustrada ao perceber que a filha não tocará numa única garfada do jantar que ela tinha preparado.

As lágrimas continuavam a escorrer de forma abundante e a mãe teve que perguntar:
“ – Isto não é de agora pois não? Há quanto tempo andas assim?”

A filha contou-lhe, entre soluços, a maioria das coisas que lhe ensombravam a alma: o que a magoava, o que a deixava triste, o que a deixava frágil, revoltada e culpada.

Algumas coisas eram expectáveis, outras não o eram de todo… Algumas coisas conseguiu perceber, outras conseguira talvez aceitar… Na generalidade sabia que nada do que pudesse fazer ou dizer aliviaria o sofrimento da filha.

Só lhe restava a sua última arma, o colinho de mãe, levou a filha para o seu quarto e fez-lhe festas no cabelo enquanto lhe dizia que ia ficar tudo bem…


De manhã quando a filha acordou foi até à cozinha e reparou que a mãe lhe tinha comprado um saquinho de nêsperas (fruta que a filha adorava mas a mãe detestava e dizia ser um desperdício gastar dinheiro naquilo porque só tinha casca e caroços), era a maneira que a mãe tinha de dizer à filha: “ – Enquanto não fica tudo bem, eu estou aqui para cuidar de ti, para dar miminhos em s.o.s e beijos no sítio certo”.


Sem comentários:

Enviar um comentário