sexta-feira, 6 de junho de 2014

Dia D - Obviamente de Diana

6 de Junho de 1944:

Andava a minha bisavó Albina grávida da minha avó materna Emilia e numa realidade bem distante da Cerqueira as tropas Aliadas desembarcavam por mar, terra e ar na Normandia para dar início ao fim do regime nazi de Hitler.
Quando a minha avó nasceu a 29 de Setembro de 1944 não sei se já se sabia na Cerqueira do final da guerra. Lá travavam-se batalhas diárias pelo sustento dos filhos e pela subsistência da humilde vida do campo.

O fim da 2ª guerra mundial mudou o destino da Europa. Tivemos que aprender a viver com os erros do passado. Lavar as feridas, cicatrizá-las, sacudir a poeira às nossas alfaias e começar a laborar de forma organizada e industrializada.
Apertamos as mãos e fizemos as pazes.
Os perdedores tornaram-se (a muito custo) vencedores: exemplo de determinação, bem-fazer, bem-gerir e convicção que não cometerão os mesmos erros.

Tive essa certeza quando visitei Dachau em 2012, o primeiro campo de concentração de presos políticos em Munique. Quando pedimos indicações usando estes termos, os alemães repreenderam-nos: "Dachau é um Memorial em homenagem às vítimas do Holocausto!"
Para confirmar a ideia fomos fazendo a mesma pergunta ao longo do percurso a diferentes pessoas e obtivemos sempre a mesma cara feia seguida da correcção quanto aos termos. (Ahh e é claro que nos diziam como lá chegar... uma dezena de vezes...)

Eu que fui abençoada com o dom de saber todas as coisas (risos, muitos risos) gostei, talvez pela primeira vez na vida, de ser advertida. Os alemães tinham vergonha do seu passado e não voltariam a cometer a mesma chacina. E isso descansou-me, sobretudo depois de visitar o Memorial. Até agora quando escrevo fico com um nó na garganta só de lembrar as cenas macabras que lá vi, li e reli (o diário de Anne Frank é um dos livros mais impressionantes que já li, está com certeza no top 10).

Após estas eleições europeias, os confrontos Russia-Ucrânia, a América Latina a fervilhar e o médio oriente onde sempre esteve já não estou tão serena. Tenho medos, receios e penas. Sobretudo, porque um dia quero pôr filhos neste mundo e não posso protegê-los destes tipos maus que só pensam em petróleo, diamantes e jogos de poder.

Este texto é uma miscelânea de acontecimentos e convicções mas não tenho culpa de ser uma rapariga com consciência do que se passa à minha volta e isso impele-me a opinar.

Além disso, a minha avó Emilia, a minha querida avó Mila perguntou-me se nas muitas viagens que faço só via coisas bonitas?
Menti-lhe e disse que sim. Não dizem que a beleza está nos olhos de quem vê?
Pois muito bem, a minha avó Mila só escutará nas narrações a parte das belas paisagens, lugares magníficos, situações anedóticas, amigos fantásticos e tudo o mais que a faça rir.


Dei-me agora conta que não tenho o Diário de Anne Frank, das 3 vezes que o li trouxe-o sempre da biblioteca da escola. Raios... Agora vou ter que ir a Amesterdão comprá-lo... Uahahhahhahha

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