Reparei que no post anterior poderia ter trocado sushi por tabaco. Acontece mais ou menos da mesma forma, começas por experimentar, tossir um pouco, engasgas-te e tal, mas não se desiste... Vai-se insistindo, insistindo, aprende-se a travar o fumo et voilà temos um viciadito por iniciativa própria... No entanto, temos uma grande diferença. Enquanto que ser amante de sushi te dá um certo status, o tabaco dá-te um selo de dependente condenado ao cancro do pulmão. Numa sociedade cada vez mais consciente do culto do corpo e de um estilo de vida saudável, comer peixinho é muito mais salutar do que inalar carvão...
Estavam duas senhoras na fila do hipermercado a falar sobre sushi. Srª nº1 - Eu adoro, sempre que posso vou jantar com o meu marido a um restaurante japonês. Srª nº2 - Eu não gostava nada de sushi, mas como o achava uma comida requintada e até está na moda, fui tentando, tentando e depois de algum esforço, agora até já gosto. Srª nº1 - Que maravilha! Assim podemos combinar um jantar a 4!
Nota: hoje-em-dia para se ser in temos que gostar de sushi e gin.
É isto que define alguém como tendo um certo status social.
A autenticidade, o carácter e a personalidade parecem não contar para seja o que for.
Ela: Sabes a quantos dias tem direito uma mulher que perde o marido? Ele: Penso que são 5 dias.
Alguns segundos depois... Ele: Mas que raio de pergunta foi essa? Por acaso estás a pensar ver-te livre de alguém? (Foi ensurdecedor o barulho dos segundos de silêncio que se seguiram...)
Portugal é, decididamente, um país de moralistas e brandos costumes.
Qualquer um de nós "mudaria de camisola" se lhe oferecessem uma melhor proposta de trabalho.
É uma questão de profissionalismo: mais tostão e oportunidade de brilhar numa equipa que já não ganha um campeonato há mais de uma dezena de anos faz festas na conta bancária e no ego de qualquer pessoa.
Se só trabalhássemos por amor à camisola, trabalharíamos sempre no mesmo local, independentemente, das condições, do ordenado e das possibilidades de crescimento.
E de ingratos.
É ingrato Bruno Carvalho despedir Marco Silva com justa causa. Um treinador sensato, que respeitou a estrutura do clube, conquistou a Taça de Portugal e foi sempre correcto nas suas avaliações.
São ingratos todos os benfiquistas, incluindo o seu presidente, ao desmerecer Jorge Jesus que conseguiu ganhar o último campeonato com uma equipa totalmente desfalcada e tornou nestes últimos 6 anos o Benfica numa verdadeira máquina futebolística.
E de incautos.
Como é que um homem experiente do futebol como Luís Filipe Vieira perde um treinador com a competência de Jesus para o seu clube rival?
O Bruno de Carvalho deve ter tido uma epifania (e dinheiro das áfricas) para uma cartada de mestre à moda do bom velho Pinto da Costa. Tiro-lhe o chapéu: ou foi uma decisão genial ou um perfeito tiro no pé.
E de esperança.
Como sportinguista espero que Jorge Jesus tenha muito sucesso nos próximos 3 anos e me traga muitas alegrias.
Como sportinguista espero que Marco Silva encontre uma equipa que o valorize e lhe permita crescer ainda mais como treinador.
Como sportinguista espero que o Luís Filipe Vieira consiga encontrar um treinador à altura do anterior, porque afinal quero ganhar contra os melhores.
P.S.: Eu não me esqueço que os sportinguistas também chamaram judas ao João Moutinho quando decidiu alinhar pelo FCP.
Todos somos dados a palermices em determinados momentos da história do futebol português.
Para os preguiçosos tenho aqui uma versão mais curta da imensidão do charme do meu treinador: