segunda-feira, 28 de maio de 2012

Trissomia 21 e a Igreja



Porque estou a juntar estes dois temas? Pelos piores motivos, claro está...

Hoje, tal como em muitas paróquias neste país, realizou-se a Primeira Comunhão na minha santa terra.

Este grupo de crianças tem catequese em conjunto desde o 1º ano de escolaridade e frequentam agora o 5º. Neste grupo de meninos e meninas estão incluídas duas irmãs gémeas: uma saudável, a outra portadora de Trissomia 21. E qual a significância deste facto? A meu ver, nenhuma...

Mas estava enganada. Soube que esta garota esteve hoje na Igreja mas que não comungou porque segundo a (falta de) sabedoria do senhor padre, a menina não tinha o entendimento necessário para compreender a importância deste momento...

Haaaaaaaaaaaaã?!!!

Mas qual é a criança de 10 anos que percebe o que significa comungar o corpo e o sangue de Cristo?

Qual é a criança, independentemente da idade, que sabe qual o lugar que a religião ocupa na vida dela?

Da minha Primeira Comunhão só me lembro que andava super feliz porque ia levar como penteado uma "trança indiana" e que a minha irmã estava mortinha que chegasse o dia da dela porque a madrinha tinha prometido que lhe comprava uns "calções de peito"...

E isso fez de mim um católica pior?

Ora muito bem, fui baptizada, fiz a Primeira Comunhão, a Profissão de Fé e o Crisma. Andei 9 anos na catequese e 4 no grupo de jovens. Fui 3 anos catequista e 4 animadora de grupo de jovens, fui chefe dos acólitos, fiz parte do grupo de leitores, participei no Nascer de Novo Convívio Fraterno et cacetera, cacetera... Só não fiz parte do coro porque o meu aparelho vocal não o permite...

Isto até ao dia em que abandonei de todo qualquer actividade relacionada com a Igreja por não saber conviver com o despotismo de alguns membros do clero.
Mas hoje soube que o que realmente me custa a digerir não é tanto a tirania mas a ignorância de alguns eclesiásticos...

Alguém que ensine e/ou relembre aquela gentinha: "Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus."

Aquela menina, tal como todas as outras crianças, tinha tudo o que era preciso nesta idade,  para ter vivido em plenitude aquele momento: estava ali de livre vontade e o que ouvia falar de um tal Jesus fazia-lhe crer que este era boa pessoa, tanto que gostava dela incondicionalmente...

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