segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Da Distância e da Proximidade!

Porque não teria escrito melhor:

"DA DISTÂNCIA, DA PROXIMIDADE e da indiferença
Agora é a polémica das bandeiras, como foi desde Janeiro a dos «Je suis». E dizem algumas pessoas: «Então há mortos de primeira e de segunda?» [Os de primeira seriam em França, os de segunda no Líbano, por exemplo. Ou em Bagdad. Ou em...)

Certo. Um só problema, a meu ver: há um risco de cinismo neste tipo de análises frias e justas.

Quando há um choque porque morre gente próxima (e Paris é uma cidade portuguesa, ao contrário de Beirute, que poucos visitámos), este tipo de relativização custa a entender. Gente tão justa não chorará então morto algum, presumo, nem mesmo quando for alguém da sua família. Porque o seu Amor à Humanidade é puro e justo. Tão puro e justo que não faz distinções. Mais: até se irrita com as distinções. E, em vez de chorar ou sentir um nó na garganta, salta logo com a sua proverbial e racional frieza a contestar a Injustiça. Como alguém que vai a um funeral e se põe a dizer impropérios porque um morto tem a sorte de ter mais gente no cortejo que outro.

E isto porquê? Porque a todos os minutos acontecem horrores na aldeia global e seria humanamente impossível emocionarmo-nos igualmente com todos. Assim, como não podemos estar a todos os segundos a sentir todas as dores do mundo, o melhor é não sentirmos nenhuma, né?

É em momentos destes que sinto que os extremos podem de facto tocar-se. Os apologistas do nós-só-nós (ou eu-só-eu) e os samaritanos do amor-a-todos-igual-por-igual tocam-se, receio.

Na sua superiormente moral e justa indiferença.

Ora batatas, pazinhos!"

Rui Zink

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